Entendendo sobre Coronavírus e síndromes respiratórias agudas (COVID-19, MERS e SARS)

Entendendo sobre Coronavírus e síndromes respiratórias agudas (COVID-19, MERS e SARS)

Os coronavírus são vírus de RNA com envelope que causam doença respiratória de gravidade variável, do resfriado comum à pneumonia fatal.

Vários coronavírus, descobertos inicialmente em aves domésticas na década de 30, causam doença respiratória, gastrointestinal, hepática e neurológica nos animais. Apenas sete coronavírus sabidamente causam doença nos humanos.


Quatro de sete coronavírus causam mais frequentemente os sintomas de resfriado comum. Os coronavírus 229E e OC43 causam resfriado comum; dois novos sorótipos, NL63 e HUK1, também foram associados ao resfriado comum. Raramente, pode haver infecção grave do trato respiratório inferior, como pneumonia, principalmente nas crianças, nos idosos e nos pacientes imunocomprometidos.


Três dos sete coronavírus causam infecção respiratórias muito mais graves nos humanos, por vezes fatais, do que os outros coronavírus e causaram grandes surtos de pneumonia fatal no século XXI:


  • SARS-CoV-2 é o novo coronavírus identificado como agente etiológico da doença pelo coronavírus 2019 (Covid-19) que começou em Wuhan, na China, no final de 2019 e se espalhou por todo o mundo.

  • Mers-CoV foi identificado em 2012 como a causa da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS).

  • SARS-CoV foi identificado em 2002 como a causa de um surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS).

Os coronavírus que causam infecção respiratórias graves são zoonoses, doenças que começam em animais infectados e são transmitidas dos animais para as pessoas.



Covid-19

A covid-19 é uma doença respiratória aguda, por vezes grave, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.
A covid-19 foi descrita pela primeira vez no final de 2019 em Wuhan, China, e desde então se espalhou extensivamente na China e em todo o mundo. Para informações atuais sobre o número de casos e mortes, ver Centers for Disease Control and Prevention: 2019 Novel Coronavirus e o World Health Organization's Novel Coronavirus (COVID-2019) situation reports.



Transmissão do COVID-19

Os primeiros casos do COVID-19 foram vinculados a um mercado de animais vivos em Wuhan, China, sugerindo que o vírus foi inicialmente transmitido de animais para seres humanos. A transmissão interpessoal ocorre pelo contato com secreções contaminadas, principalmente pelo contato com grandes gotículas respiratórias, mas também pode ocorrer por meio do contato com uma superfície contaminada pelas gotículas respiratórias; não está claro se a infecção pode ser adquirida por via fecal-oral ou qual o papel dos aerossóis na transmissão. Também não está claro a rapidez com que esse vírus se espalha de uma pessoa para outra ou como a infecção será sustentável em uma população, embora pareça ser mais transmissível do que a SARS e a disseminação é provavelmente mais semelhante à da influenza.

Superdisseminadores desempenharam um papel extraordinário na propagação do surto de SARS de 2003 e também podem desempenhar um papel significativo no atual surto do COVID-19. Um superdisseminador é um indivíduo que transmite uma infecção a um número significativamente maior de outras pessoas do que a média da pessoa infectada.

Medidas de quarentena e isolamento estão sendo aplicadas na tentativa de limitar a disseminação local, regional e global desse surto.

Sinais e sintomas

Pessoas com o COVID-19 podem ter poucos ou nenhum sintoma, embora algumas adoeçam gravemente e morram. Os sintomas podem incluir febre, tosse e falta de ar. Os pacientes com doença mais grave podem ter linfopenia e achados nos exames de imagem do tórax sugestivos de pneumonia. O tempo exato de incubação não foi determinado; as estimativas variam de 1 a 14 dias. As estimativas iniciais da letalidade na China (2,3% na maior casuística) indicam que parece ser menos grave do que a sars (10%) ou a mers (35%); a letalidade aumenta com a idade (1).



Referência sobre sinais e sintomas

  • 1. Wu Z, McGoogan JM: Characteristics of and important lessons from the coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak in China: Summary of a report of 72,314 cases from the Chinese Center for Disease Control and Prevention. JAMA 2020 Feb 24. doi: 10.1001/jama.2020.2648. [Publicação eletrônica antes da impressa]

Diagnóstico

  • Testes baseados em reação em cadeia da polimerase da transcriptase reversa em tempo real (PCR-TR) das secreções do trato respiratório inferior e superior
Nos EUA, atualmente, os exames diagnósticos da covid-19 só podem ser feitos nos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) mediante a aprovação das autoridades locais de saúde pública; amostras clínicas de diferentes locais são solicitadas, incluindo amostras das vias respiratórias inferior e superior. Pode-se coletar e armazenar outros tipos de amostras (p. ex., fezes, urina). Por razões de biossegurança, o CDC recomenda que as instituições locais não tentem isolar o vírus em culturas de células ou fazer a caracterização inicial dos agentes virais em pacientes com suspeita de infecção por COVID-19.

O CDC recomenda testes para pacientes que atendem os seguintes critérios (ver CDC: Evaluating and Reporting Persons Under Investigation):
  • Febreou sinais e sintomas de doença do trato respiratório inferior (p. ex., tosse ou dispneia) E contato próximo com um paciente com covid-19 confirmada por exames laboratoriais 14 dias após o início dos sintomas — define-se contato próximo como (a) estar aproximadamente a 2 metros de um caso de covid-19 por um período prolongado ao cuidar, viver, visitar ou compartilhar a sala de espera ou um quarto em uma unidade de saúde com um caso de covid-19 OU (b) ter contato direto com secreções infectantes de um caso de covid-19 sem estar usando os equipamentos de proteção individual recomendados

  • Febre e sinais e sintomas de doença do trato respiratório inferior (p. ex., tosse ou dispneia) E história de viagens à província de Hubei, China, 14 dias após o início dos sintomas

  • Febre e sintomas de doença do trato respiratório inferior (p. ex., tosse ou dispneia) que exigem hospitalização E história de viagem para a China 14 dias após o início dos sintomas; OU, independentemente da história de viagem, um membro de um grupo de pacientes que exige hospitalização com doença aguda grave do trato respiratório inferior (p. ex., pneumonia) de etiologia desconhecida para o qual o covid-19 está sendo considerado
Caso haja algum desses critérios, a equipe de controle de infecção da unidade de saúde e o departamento de saúde local ou estadual devem ser imediatamente notificados.

Tratamento

  • Tratamento de suporte
O tratamento da covid-19 é de suporte. Nenhuma vacina, antiviral ou outro tratamento específico está disponível.

Para ajudar a prevenir a propagação dos casos suspeitos, os profissionais de saúde devem usar precauções padrão de contato e de transmissão respiratória com proteção dos olhos. (Ver CDC: Interim Infection Prevention and Control Recommendations.)

Informações adicionais

Síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS)

A síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) é uma doença respiratória aguda grave causada pelo coronavírus MERS (MERS-CoV).
A infecção por MERS-CoV foi inicialmente descrita em setembro de 2012 na Arábia Saudita, mas um surto em abril de 2012 na Jordânia foi confirmado retrospectivamente. Em 2018, em todo o mundo, foram notificados cerca de 2.500 casos de infecção por MERS-CoV (com pelo menos 850 mortes relacionadas) em 27 países; todos os casos de MERS foram vinculados a viagens ou residência em países na e próximos da Península Arábica, com > 80% na Arábia Saudita. O maior surto conhecido de MERS fora da Península Arábica ocorreu na República da Coreia em 2015. O surto foi associado a um viajante que retornava da Península Arábica. Casos também foram confirmados em países da Europa, Ásia, Norte da África, Oriente Médio e Estados Unidos em pacientes que foram transferidos para esses países para serem tratados ou adoeceram após retornar do Oriente Médio.

Estudos preliminares de soroprevalência indicam que a infecção não é generalizada na Arábia Saudita.

A Organização Mundial da Saúde considera que o risco de contrair infecção por mers-CoV é muito baixo para os peregrinos que viajam para a Arábia Saudita para o Umrah e Hajj. Para outras informações sobre peregrinações ao Oriente Médio, ver World-travel advice on MERS-CoV for pilgrimages .

A média de idade dos pacientes com MERS-CoV é 56 anos, e a proporção entre homens:mulheres é cerca de 1,6:1. A infecção tende a ser mais grave nos pacientes idosos e nos pacientes com doenças preexistentes como diabetes, cardiopatia crônica ou doença renal crônica.



Transmissão do MERS-CoV

O MERS-CoV pode ser transmitido de pessoa para pessoa por contato direto, gotículas respiratórias (partículas > 5 micrômetros) ou aerossóis (partículas < 5 micrômetros). A transmissão interpessoal foi comprovada pela ocorrência da infecção em pessoas cujo único risco foi o contato próximo com pessoas que tinham MERS.

Acredita-se que o reservatório do MERS-CoV sejam os dromedários, mas o mecanismo de transmissão desses animais para os humanos é desconhecido. A maioria dos casos descritos foi por transmissão direta entre humanos em unidades de saúde. Se um paciente tiver suspeita de MERS, deve-se iniciar as medidas de controle de infecção prontamente para evitar a transmissão nas unidades de saúde.

Sinais e sintomas

O período de incubação de MERS-CoV é cerca de 5 dias.

A maioria dos casos relatados foi de doença respiratória grave exigindo hospitalização, com letalidade de cerca de 35%; mas pelo menos 21% dos pacientes tiveram sintomas leves ou foram assintomáticos. Febre, calafrios, mialgia e tosse são comuns. Sintomas gastrointestinais (p. ex., diarreia, vômitos, dor abdominal) ocorrem em cerca de um terço dos pacientes. As manifestações podem ser suficientemente graves a ponto de exigir tratamento em uma unidade de tratamento intensivo, porém, recentemente, a proporção desses casos caiu drasticamente.

Diagnóstico

  • Testes feitos por reação em cadeia da polimerase da transcriptase reversa em tempo real (PCR-TR) de amostras das secreções do trato respiratório inferior e superior e de sangue
Suspeitar de MERS nos pacientes com infecção aguda inexplicada do trato inferior respiratório e que apresentaram algum dos seguintes em 14 dias após o início dos sintomas:
  • Viagens ou residência em uma área onde a MERS foi descrita recentemente ou onde a transmissão pode ter ocorrido
  • Entrar em contato com a unidade de saúde na qual houve a trasmissão da MERS
  • Contato próximo com um paciente que estava enfermo com suspeita de MERS
Também deve-se suspeitar da MERS nos pacientes que tiveram contato próximo com um paciente com suspeita de MERS e apresentam febre, independentemente de terem ou não sintomas respiratórios.

As recomendações mais recentes estão disponíveis nos US Centers for Disease Control and Prevention (MERS: Interim Guidance for Healthcare Professionals).

Os testes devem conter ensaios em tempo real por PCR-TR das secreções do trato respiratório inferior e superior, idealmente coletadas de diferentes locais e em diferentes momentos. O soro deve ser obtido de pacientes e de todos, mesmo contatos próximos assintomáticos, incluindo profissionais de saúde (para ajudar a identificar MERS leve ou assintomática). O sangue é coletado imediatamente após a suspeita de MERS ou depois da exposição dos contatos (amostra de fase aguda) e 3 a 4 semanas mais tarde (amostra da fase da convalescência). Nos EUA, o teste é feito nos departamentos de saúde estaduais ou Centers for Disease Control and Prevention.

Em todos os pacientes, radiografia de tórax detecta alterações, que podem ser discretas ou extensas, unilaterais ou bilaterais. Em alguns pacientes, os níveis de LDH e AST são altos e/ou os níveis de plaquetas e linfócitos são baixos. Alguns pacientes têm lesão renal aguda. Pode ocorrer coagulação intravascular disseminada e hemólise.

Tratamento

  • Tratamento de suporte
O tratamento da MERS é de suporte. Para ajudar a prevenir a propagação de casos suspeitos, os profissionais de saúde devem usar precauções universais de contato e de transmissão respiratória.
Não existe vacina.

Informações adicionais




Síndrome respiratória aguda grave (SARS)

A síndrome respiratória aguda grave (SARS) é uma doença respiratória aguda grave causada pelo coronavírus SARS (SARS-CoV).

SARS é muito mais grave do que outras infecções por coronavírus. SARS é uma doença semelhante à influenza que, ocasionalmente, provoca insuficiência respiratória progressiva grave.


SARS-CoV foi inicialmente detectado na província de Guangdong, China, em novembro de 2002 e, subsequentemente, disseminou-se para > 30 países. Nessa epidemia, até 6 de março de 2020 foram notificados > 100.000 casos em todo o mundo, com 3.411 mortes (cerca de 3,38% de letalidade, que varia significativamente de acordo com a idade de < 1% entre as pessoas ≤ 24 anos a > 50% entre as pessoas com ≥ 65 anos). No surto de SARS-CoV, pela primeira vez os Centers for Disease Control and Prevention norte-americanos desaconselharam viajar para uma região. Esse surto diminuiu e não foram identificados novos casos desde 2004. Presumiu-se que a fonte imediata sejam os gatos almiscarados que eram vendidos como alimento em um mercado de animais vivos e provavelmente tinham sido infectados pelo contato com morcegos antes de serem capturados para venda. Os morcegos são hospedeiros frequentes do coronavírus.


A SARS-CoV é transmitida de pessoa para pessoa por contato pessoal próximo. Acredita-se que seja transmitida mais prontamente por gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.


O diagnóstico da SARS é clínico e o tratamento é de suporte. A coordenação de práticas de controle de infecção imediatas e rígidas ajudou a controlar rapidamente o surto de 2002.

Embora nenhum caso novo tenha sido relatado desde 2004, não se deve considerar a SARS eliminada porque o vírus causador tem um reservatório animal do qual é possível ressurgir.


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