Automação rompe limites entre digital, físico e biológico
A
empresa americana de robótica Moley pretende lançar ainda neste ano a
versão de um robô cozinheiro. Os usuários poderão acessar uma biblioteca
de receitas que serão reproduzidas pelo robô. O custo é de cerca de U$
75 mil. Assista ao vídeo de demonstração neste link. Foto: Reprodução / AFPBR via YouTube
…
. O lançamento do aplicativo
Waze, por volta de 2008, trouxe inúmeros benefícios e facilidades para
quem dirige, principalmente nas grandes cidades. De maneira
colaborativa, os usuários podem saber a situação do trânsito em tempo
real e ainda ter a facilidade de o próprio aplicativo indicar a melhor
rota para chegar ao destino final. “O Waze é um exemplo de como o mundo
digital transformou os usuários, ou seja, nós, o mundo físico, em
sensores”, destaca o engenheiro Elcio Brito da Silva, pós-doutorando do
Grupo de Automação em TI (Gaesi) da Escola Politécnica da USP.
A quebra dos limites entre o mundo físico (impressão 3D, robótica
avançada), o digital (internet das coisas, plataforma digitais) e o
biológico (tecnologia digital aplicada à genética) é a principal
característica da quarta Revolução Industrial, que, acredite, já está em
curso. Essa nova realidade tecnológica é o tema central do livro Automação & Sociedade – Quarta Revolução Industrial, um olhar para o Brasil.
A obra, organizada pelos professores do Gaesi Eduardo Mario Dias
(coordenador geral) e Sérgio Luis Pereira, além da pesquisadora Maria
Lídia Rebello Pinho Dias Scotton e de Élcio Silva, reúne textos dos mais
variados especialistas, de vários campos de atuação, que discutem como
essa revolução vai mudar a sociedade.
O
CaRINA2 é um dos carros sem motorista em desenvolvimento pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos –
Foto: Reprodução via Youtube
.
Num primeiro momento, o tema pode parecer algo muito longínquo da nossa
realidade e se assemelhar a algum roteiro de ficção científica
futurista. Entretanto, basta recordar que a inovação do Waze, que nos
transformou em sensores, ocorreu há quase uma década. No futuro, a
previsão é que motoristas de carro deixem de ser necessários:
atualmente, várias empresas e universidades do mundo, entre elas a USP,
já desenvolvem projetos como os veículos autônomos (sem
necessidade de condutores). Em muitos aeroportos ao redor do mundo, o
check-in e o despacho de malas já é feito de modo automático, sem
presença humana, e em algumas cidades do exterior já existem
supermercados onde não há funcionários nos caixas: tudo é automatizado.
Especialistas do setor afirmam que a sociedade brasileira precisa
ficar muito atenta a este momento da história, pois a quarta Revolução
Industrial vai trazer as maiores transformações, nunca antes vistas pela
humanidade. “É um livro para as pessoas entenderam o que está
acontecendo com o mundo nesta quarta Revolução Industrial”, destaca
Silva.
Quadro ilustrativo mostra a convergência de áreas que caracteriza a quarta Revolução Industrial
.Quebra de limites entre barreiras O engenheiro cita um outro exemplo da quebra de barreiras entre os
mundos físico, biológico e digital: as turbinas da General Eletric (GE),
que “percebem” quando irão quebrar e, com isso, sabe-se antecipadamente
a necessidade de ser feito algum reparo.
Na área biológica, Silva comenta o caso de pesquisadores do Instituto
Federal Suíço de Tecnologia, em Lausanne, que fizeram com que a perna
paralisada de um macaco voltasse a ter movimentos com a ajuda de
eletrodos ligados ao cérebro do animal, computadores e softwares, além
de um estimulador na medula espinhal do primata.
Disciplina na pós A ideia de escrever o livro partiu após o oferecimento da
disciplina Automação e Sociedade, criada no Gaesi em 2017, e que teve o
objetivo de levantar discussões sobre a repercussão da quarta Revolução
Industrial em várias áreas da sociedade: cidades, suprimentos, saúde,
energia, economia, empregos, educação, etc. A disciplina foi um sucesso e
os organizadores decidiram organizar uma obra a respeito.
Entre os autores, foram convidados profissionais e especialistas de
várias áreas do conhecimento de empresas e instituições como Volkswagen,
Roche, Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Mackenzie, Poli,
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP,
Instituto Mauá de Tecnologia, Embraer, Ernst & Young, Faculdade de
Medicina da USP e Fundação Getúlio Vargas, entre outras.
As quatro revoluções industriais ao longo dos séculos. O futuro é agora Questionado sobre o por que da importância de se ler esse livro, o
engenheiro destaca que a “velocidade com que esses mudanças estão
ocorrendo é muito rápida. Muitas vezes, pensamos que quem precisa se
qualificar para essas mudanças são as próximas gerações e que nada vai
acontecer conosco”. Entretanto, o engenheiro faz um alerta: é importante
sim pensar nas novas gerações, porém a quarta Revolução Industrial será
tão intensa que trará mudanças muito profundas já nos próximos dez
anos, em todos os setores da sociedade.
De
acordo com os autores, “a expectativa é que trabalhos intelectuais mais
repetitivos também sejam substituídos pela robotização”
Automação e Sociedade – Quarta Revolução Industrial, um olhar para o Brasil. Coordenadores:
Elcio B. Silva, Maria L. R. P. D. Scoton, Sérgio L. Pereira, Eduardo M.
Dias, 267 páginas, Editora Brasport, 2018. Preço: R$ 160,00 (versão
impressa); R$ 80,00 (e-book). O livro é dividido em quatro partes que discutem: as bases
tecnológicas e socioeconômicas da quarta revolução; as tecnologias
emergentes que estão associadas a esse momento histórico; o impacto da
quarta revolução na indústria, na cadeia de fornecimento, na saúde e nas
cidades; e a repercussão nos empregos, na educação e na inovação.
A obra tem prefácio de Pedro L. Passos, cofundador da Natura, e
posfácio de Octavio Manoel Rodrigues de Barros, ex-economista-chefe do
Bradesco e cofundador da Quantum4 Soluções de Inovação. O lançamento do livro ocorreu no último dia 21 de fevereiro no
Auditório István Jancsó da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin,
no campus do Butantã, em São Paulo. A renda do livro será doada para o
Núcleo de Inovação do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de
Medicina da USP (FMUSP).
Mais informações: e-mail elcio@integradora.com.br, com Elcio Silva
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