Tecnologia baseada em laser pode aumentar segurança na internet
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Nova tecnologia utilizando sinal de luz desordenado foi desenvolvida por pesquisador da USP, e tem potencial para ajudar a diminuir crimes virtuais – Imagem: Pixabay – CC |
No Brasil, mais da metade da população usa a internet, e com um
tráfego cada vez maior de informações compartilhadas, a segurança
virtual segue como questão fundamental. Nesta área, Thiago Raddo,
ex-aluno da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP,
desenvolveu uma solução que poderá dificultar a vida de criminosos que
tentarem acessar informações particulares compartilhadas entre os
usuários. A tecnologia utiliza laser para alterar o padrão de
transmissão de dados por fibra óptica, dificultando o acesso não
autorizado.
O trabalho do pesquisador foi publicado na Scientific Reports,
revista do grupo Nature. Em sua tese de doutorado, o especialista levou
em consideração uma das tecnologias que mais se destacam no mercado
nacional de telecomunicações, as fibras ópticas, que são filamentos de
vidro da espessura de um fio de cabelo que transportam dados através da
propagação da luz por sua estrutura.
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Normalmente, o sinal de luz, emitido por laser, percorre a fibra com certo padrão, e o que o pesquisador propõe é torná-lo completamente imprevisível: “a partir do momento que um sinal de luz desordenado é usado para transmissão de dados, se torna muito mais difícil um usuário não autorizado ou um espião ter acesso à informação que está sendo enviada ao destinatário”, explica ele.
Normalmente, o sinal de luz, emitido por laser, percorre a fibra com certo padrão, e o que o pesquisador propõe é torná-lo completamente imprevisível: “a partir do momento que um sinal de luz desordenado é usado para transmissão de dados, se torna muito mais difícil um usuário não autorizado ou um espião ter acesso à informação que está sendo enviada ao destinatário”, explica ele.
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Desordem
Para gerar “desordem” no sinal emitido, o laser deve receber a
aplicação de uma força mecânica externa. A fonte de luz, então, é
revestida por um suporte de alumínio que, ao invés de protegê-la, exerce
uma pressão sobre ela. “O laser atua sem nenhum aparato complexo ou
qualquer tipo de realimentação óptica. Isso é inédito na ciência atual”,
diz o ex-aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da
EESC. A solução proposta é de baixo custo e pode ser facilmente
replicada, completa o doutor em Telecomunicações, que viu sua tese virar
um livro.
A fibra óptica é uma boa plataforma para testar a técnica
desenvolvida, especialmente por se tratar de uma tecnologia que irá
predominar pelas próximas décadas, conta o especialista. As fibras
suportam grandes quantidades de informações, são imunes a
interferências, apresentam dimensões reduzidas e baixa perda de dados,
sendo mais eficientes em relação às outras tecnologias existentes de
acesso à internet de banda larga, como os cabos coaxiais ou as redes sem
fio (via ondas de rádio). Transmissões ao vivo em alta definição,
serviços on demand (sob demanda) e geração de conteúdos 3D em
tempo real são exemplos de produtos que dependem de uma rede do tipo
óptica para assegurar melhor qualidade de execução.
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Vale lembrar que o Brasil é o 4º do mundo que mais sofre com cibercrimes, segundo o último relatório Norton Cyber Security Insights, realizado em 2016. De acordo com o estudo, mais de 42 milhões de brasileiros foram afetados por criminosos virtuais durante o período, o que acarretou um prejuízo na casa dos R$ 32 bilhões. O principal ataque é conhecido como ransomware, espécie de sequestro dos dados de um computador. Nesse caso, os bandidos invadem as máquinas, capturam os arquivos e bloqueiam o acesso de seus responsáveis, podendo exigir dinheiro em troca da devolução dos documentos.
Vale lembrar que o Brasil é o 4º do mundo que mais sofre com cibercrimes, segundo o último relatório Norton Cyber Security Insights, realizado em 2016. De acordo com o estudo, mais de 42 milhões de brasileiros foram afetados por criminosos virtuais durante o período, o que acarretou um prejuízo na casa dos R$ 32 bilhões. O principal ataque é conhecido como ransomware, espécie de sequestro dos dados de um computador. Nesse caso, os bandidos invadem as máquinas, capturam os arquivos e bloqueiam o acesso de seus responsáveis, podendo exigir dinheiro em troca da devolução dos documentos.
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Proteção
A maioria dos programas on-line utilizados para troca de mensagens ou
informações, tais como WhatsApp Web, plataformas de e-mail e os
navegadores, utiliza a criptografia, um sistema pelo qual os dados do
usuário são convertidos num formato especial antes de serem transmitidos
pela internet, de modo que apenas emissor e receptor consigam
compreendê-los. Esse é o principal cenário em que a tecnologia
desenvolvida por Thiago Raddo poderá ser utilizada. Pela ação do sinal
imprevisível gerado pelo laser, a informação será criptografada,
evitando que pessoas não autorizadas acessem o conteúdo transmitido. “A
simplicidade do sistema proposto abre caminho para seu uso em diversas
aplicações”, afirma o jovem pesquisador, que durante este projeto teve
orientação do professor Ben-Hur Viana Borges, do Departamento de
Engenharia Elétrica e de Computação (SEL) da EESC.
A tese do pesquisador leva o nome de Redes de acesso de próxima geração: sistemas OCDMA flexíveis e fontes VCSEL caóticas de baixo custo para comunicações seguras.
Segundo Raddo, o principal desafio da pesquisa foi encontrar uma
maneira de comprovar que o laser estava, de fato, emitindo um sinal
desordenado e o esforço valeu a pena. O trabalho gerou um artigo que foi
reconhecido e publicado por uma das principais revistas científicas do
mundo, a Scientific Reports, que pertence ao grupo Nature.
“Nós percebemos que tínhamos em mãos algo que poderia ter grande
impacto científico e resolvemos tentar a publicação na revista. Assim
que soubemos da resposta, foi uma recompensa”, celebra o ex-aluno, que
realizou a pesquisa em parceria com cientistas da Universidade Livre de
Bruxelas (VUB), na Bélgica, onde conquistou a dupla-titulação. Ele foi o
primeiro estudante a participar do convênio de cooperação entre a
universidade belga e a USP, coordenado pelo professor Borges.
Ainda não há previsão para a tecnologia entrar no mercado, pois ainda
restam algumas etapas a serem concluídas, no entanto, os próximos
passos já estão definidos. “Vamos estudar outras abordagens, aprimorar o
que foi desenvolvido e aguardar o interesse da indústria”, finaliza o
autor.
Henrique Fontes / Assessoria de Comunicação do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC
Mais informações: (16) 3373-8740; e-mail comunica.sel@usp.br
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